10/07/05

LER OS CLÁSSICOS - 10

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vermeer


Dos mais fermosos olhos, mais fermoso
Rosto qu’ entre nós há, do mais divino
Lume, mais branca neve, ouro mais fino,
Mais doce fala, riso mais gracioso;

D’ um angélico ar, de um amoroso
Meneio, de um esprito peregrino
S’ acendeu em mim o fogo, de qu’ indino
Me sinto, e tanto mais assi ditoso.

Não cabe em mim tal bem-aventurança.
É pouco ua alma só, pouco ua vida.
Quem tivesse que dar mais a tal fogo!

Contente, a alma dos olhos água lança,
Polo em si mais deter, mas é vencida
Do doce ardor, que não obedece a rogo.



António Ferreiras.XVI
obs.: escrevi ua (uma),no v.10, por dificuldade em colocar um til sobre o u...não sei fazê-lo neste teclado.

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