20/07/06

DESASSOSSEGOS - 38



Abandonei-me ao vento.Quem sou, pode
explicar-te o vento que me invade.
E já perdi o nome ao som da morte,
ganhei um outro, livre, que me sabe

quando me levantar e o corpo solte
o seu despojo vão. Em toda a parte
o vento há de soprar, onde não cabe
a morte mais. A morte a morte explode.

E os seus fragmentos caem na viração
e o que ela foi na pedra se consome.
Abandonei-me ao vento como um grão.

Sem a opressão dos ganhos, utensílio,
abandonei-me. E assim fiquei conciso,
eterno. Mas o amor guardou meu nome.


Carlos Nejar

foto encontrada em http://www.meublog.net/adelaideamorim/

Etiquetas:

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons