09/07/06

DO FALAR POESIA - 51


foto enviada por Rilke a Marina Tsvétaiëva


Caro Rainer:

Goethe disse não sei onde que não se pode criar nada de grande numa língua estrangeira – coisa que sempre me pareceu soar a falso.(Goethe no seu todo soa sempre a verdade, ele é grande enquanto tal, por isso estou a ser injusta neste momento para com ele)
Escrever poemas é traduzir da língua materna para uma outra, e pouco importa que ela seja alemã ou francesa. Nenhuma língua é uma língua materna. Um poeta pode escrever em francês, mas não ser um poeta francês. É ridículo.
Eu não sou um poeta russo e para mim é sempre estranho ser encarada como tal. A pessoa torna-se poeta (se é que alguém pode tornar-se poeta, não o sendo à partida!), não por ser francês, russo, etc.,mas por ser simplesmente poeta.(…)

Carta de Marina Tsvétaiëva a Rainer Maria Rilke, que lhe enviara o seu livro de poemas,escrito em francês, Vergéis.(data da carta:6 de Julho de 1926)


In Rilke/Pasternak/ Tsvétaiëva –Correspondência a Três-Verão de 1926-Assírio e Alvim, 2006

[recomendo vivamente este livro]

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