23/10/06

CAMONIANAS - 22



Depois de ter provado, com a narração do seu canto, o seu valor,Camões dirige-se ao Rei (como o fizera,antes, na Dedicatória -nessa altura identificando-se apenas como «um novo exemplo/de amor dos pátrios feitos valerosos» que iria divulgar «em versos numerosos» que convida a ouvir):

154

Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo,
De vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
Que o louvor sai às vezes acabado.
Nem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.

155
Pera servir-vos, braço às armas feito;
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
[...]


Lus,X, 154-155

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