13/01/07

POETAS MEUS AMIGOS - 45


foto sara f.

Ramos Verdes

Saí para o quintal da nossa casa na serra
onde o sol tinha sempre um sabor diferente
e molhava agora as gotas de água secando ao vento.
Era um dia calmo de uma brisa primaveril,
como aqueles em que falamos do Universo
e do Infinito, sem medos,
e em que todos os sonhos são tangíveis.

Enrosquei-me a um canto do alpendre,
n'um banco velho que o teu pai construíra
para ir à pesca.
Olhei para o jardim que cercava a casa.
Imaginei como seria ver crianças, outrora nós,
correndo por entre os ramos verdes da infância,
gritando pequenas interjeições
de uma alegria que dura o que dura o sol
por aquelas bandas.

Sentaste-te do meu lado.

Ficámos os dois a lembrar aquelas memórias
de um futuro tão proximamente distante de nós.
Encostei a cabeça no teu ombro, como sempre fizera,
Olhei para o teu rosto, agora tão perto,
e, em tom quase infantil, desafiei-te para uma corrida.
Saltaste de um só impulso e saíste correndo,
chamando-me,
em direcção aos ramos verdes.

Sara F.-blogue http://vermelhoeoutrascores.blogspot.com/

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