20/11/07

«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE» - 18



Queda
(A João P. Vasco)

O meu coração desce,
Um balão apagado.

Melhor fora que ardesse
Nas trevas incendiado.

Na bruma fastidienta...
Como à cova um caixão.

Porque ante não rebenta
Rubro, numa explosão?

Que apego inda o sustem?
Átono, miserando.

Que o esmagasse o trem
De um comboio arquejando.

O inane, vil despojo.
Da alma egoísta e fraca...

Trouxesse-o o mar de rojo
Levasse-o na ressaca.

Camilo Pessanha,Clepsydra

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