02/12/07

POETAS MEUS AMIGOS - 66


Defronte a mim Ítaca. Mas era esta? Ou outra? Ou

Quefalónia? Ou quê? Mas é pátria, a pátria sempre
buscada, nunca encontrada. O retorno impossível, anos
a fio. E, de súbito, ei-la. E não é ela. Que pátria temos?
O mundo, a terra? Estamos no mundo até ao pescoço,
unha com carne nós e o mundo. E porém não somos
deste mundo. Inacessível pátria, não ta dão gritos,
bandeiras, cores, aplausos. Outros que a ordenhem
assim. Dela recordas a face agora oculta, a terra que
amaste, a que se retirou. Quem dela regressará?

Aurélio Porto - Antisamos, Quefalónia, 22.05.05Tróia, Setúbal, 13.07.06
(in O Sopro A Mãe A Grécia - 22 sonetos e dois prosopoemas)

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