16/04/08

POETAS MEUS AMIGOS - 78



Vespertino

A tarde cai num silêncio de cansaços
do sul as nuvens chegam
como flâmulas
e sobre nós respiram
leves as folhas
de sobreiros e acácias
que perduram

sobre o muro

esquecido
aberto o livro:

«não conheci o desvario do amor senão quando me esforcei
de todas as maneiras por curar-me dele»

eu amava estes lugares onde as sílabas fulgem a floração
[do corpo

mas as palavras já não têm tal rosto

na tarde que finda
compõem ainda uma gramática
a do silêncio

Soledade Santos
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