12/05/09

DESASSOSSEGOS - 89
















são os rios

Somos o tempo, somos a famosa
parábola de Heraclito,o Obscuro.
Somos a água, não diamante duro
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos esse rio
a olhar-se no rio. A sua imagem
muda na água do espelho entre as
margens,
no rio que varia, fogo cego.
Somos o rio vão, predestinado
runo ao seu mar. De fogo está cercado.

Tudo nos diz adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha moeda lesta.
E no entanto há algo que ainda resta

e no entanto ainda há algo que se queixa.

Jorge Luís Borges, in Os Conjurados

Etiquetas: ,

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons