21/05/09

LER OS CLÁSSICOS -110


Michelangelo-David

Hino ao Falo

Ó compincha, do vinho bom amigo,
ó conviva das noites de folia,
sedutor de mulheres e rapazinhos!
Depois de cinco anos de serviço,
aqui estou a saudar-te. Que alegria!

Eis-me já de regresso ao domicílio.
Às malvas atirei, mais às urtigas,
aquilo de que fiz meu compromisso.
A paz, bem vês, assinei-o sozinho.
E os que fazem a guerra, que se lixem!

Quanto a mim, ó compincha, o que prefiro
é encontrar no bosque uma mocinha
- ou antes: surpreendê-la no delito
de lenha rapinar aos meus domínios -
e prendê-la, despi-la, possuí-la!

Ah! vem beber connosco do bom vinho,
vem beber esta noite, ó meu compincha!
Amanhã de manhã irei contigo
emborcar, pela paz, outro quartilho

- e o escudo pendurá-lo na cozinha.

Aristófanes -"As Acarnenses"
Tradução de David Mourão-Ferreira.

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