05/06/09

LEITURAS - 111

[de Memórias de Adriano]

«Quanto à observação de mim mesmo, obrigo-me a isso, quanto mais não seja para entrar em composição com este indivíduo junto do qual serei forçado a viver até ao fim, mas uma familiaridade de sessenta anos comporta ainda muitas probabilidades de erro.No seu aspecto mais profundo,o meu conhecimento de mim próprio é obscuro, interior, inexpresso, secreto como uma cumplicidade. No seu aspecto mais impessoal, tão gelado como as teorias que eu posso elaborar acerca dos números: emprego o que tenho de inteligência para ver de longe e de mais alto a minha vida, que se torna a vida de um outro. Mas estes dois processos de conhecimento são difíceis e requerem, um, uma penetração no nosso íntimo, outro, uma saída de nós mesmos.»

Marguerite Yourcenar
trad. de Maria Lamas

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