18/07/09

LI E RECOMENDO - 9


Pã andrógino


Pois eu já fui um rapaz e uma rapariga, um arbusto
e um pássaro e um peixe mudo do mar.
Empédocles




Quando desci e me tornei arbusto
a doce carícia da terra ao alto me lançou.
Profeta, bardo, médico ou príncipe,
Não o quis ser, porém.
Das mãos da rapariga suave o pássaro voou
até pousar nos meus cabelos.
Da sua ânfora repleta de uma água pura,
O peixe mudo do mar deu-me o silêncio,
O silêncio repleto.
Mortal, porém, permaneço.
Eterno quanto pássaro e mudo peixe.


Aurélio Porto (pseud.)
Poema 568,p.324 de Flor de um dia - ed.Sempre-em-Pé, 2009
Pedidos a contacto@sempreempe.pt

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