27/10/09

«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE» - 38



No claustro de Celas


Eis quanto resta do idílio acabado,
– Primavera que durou um momento...
Como vão longe as manhãs do convento!
– Do alegre conventinho abandonado...

Tudo acabou... Anémonas, hidrângeas,
Silindras – flores tão nossas amigas!
No claustro agora viçam as ortigas,
Rojam-se cobras pelas velhas lájeas.

Sobre a inscrição do teu nome delido!
– Que os meus olhos mal podem soletrar,
Cansados ... E o aroma fenecido

Que se evola do teu nome vulgar!
Enobreceu-o a quietação do olvido,
Ó doce, ingénua, inscrição tumular.

Camilo Pessanha,Clepsydra

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