31/08/10

PENSAR - 116

autores

jean genet

“Aceito mal o que em arte se designa por inovador. Deverá uma obra ser entendida pelas gerações futuras? Porquê? Que quererá isto dizer? Que elas poderão utilizá-la? Em quê? Não vejo bem. Já vejo melhor – ainda que muito obscuramente – toda a obra de arte que pretenda atingir os mais altos desígnios deve, com paciência e uma infinita aplicação desde início, recuar milénios e juntar-se, se possível, à imemorial noite povoada pelos mortos que irão reconhecer-se nessa obra. Nunca, nunca, a obra de arte se destina às novas gerações. Ela é oferenda ao inúmero povo dos mortos.”

Jean Genet, - O Estúdio de Alberto Giacometti

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30/08/10

NOCTURNOS - 87







Uma só lua no céu,

uma boca no teu rosto.

Muitas estrelas no céu,

só dois olhos no teu rosto.

Poema Ameríndio

http://www.youtube.com/watch?v=FcTzvHDzDjs&feature=player_embedded

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29/08/10

DA EDUCAÇÃO - 61


Recomendo a leitura do dossiê sobre educação neste número de setembro do Courrier Internacional - edição portuguesa - Nº175 .

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POETAS MEUS AMIGOS - 135

flores
foto de TL-Torquato da Luz

Colhe uma flor
se o sol vai duro
e não tenhas pressa.

Vêm aí os pássaros dos jardins.

Zeferino (Zef)
http://vozromazeira.blogspot.com/

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28/08/10

PÉROLAS - 204




Vive as vidas, uma a uma,
sem os sonhos confundir;
eu vou para baixo, para cima,
sou outro, sem outro ser.

Paul Celan - in A morte é uma flor
Tradução de João Barrento.

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27/08/10

POR SAKHINET


Mais de 100 cidades no Mundo unidas em protesto contra o desrespeito pelos direitos humanos e a intolerância

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APONTAMENTOS

autores


“Interesso-me pela linguagem porque ela me fere ou me seduz”.

Roland Barthes

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LEITURAS - 147



[...] E se, depois de tantos anos a viver na cidade, não reconhecermos o caminho, não somos capazes de encontrar sozinhos a casa situada nas terras dos nossos antepassados, andamos ás voltas, às apalpadelas, apesar de pensarmos ter guardado intacta a recordação dessa casa; intacto o seu esconderijo nas barbas de milho, contra a latada e sob a poeira vermelha da eira, a cozinha à esquerda, a fachada disforme, com o forno de pão, o estábulo no outro extremo, a barra cor-de-rosa e o muro; se regressamos depois de tantos anos e entramos, como se entrássemos em nossa casa, nessa casa que é nossa , por ter pertencido ao pai, onde, por ser nossa, temos alguns direitos...[...]

Brigitte Paulino-Neto -A Melancolia do Geógrafo
encontrado em aguarelas de turner-http://aguarelast.blogspot.com/

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26/08/10

OS MEUS POETAS - 187



Azul


O vento no canavial
as moças com seus vestidos de verão,
e a nuvem – grandes cúmulos
na pura duração do azul.
O poeta Keats sabia que um coisa bonita
é uma alegria para sempre.
A vida é uma sucessão de imagens
a alegria de belas imagens
guardadas na memória:
– o vento no canavial,
as moças com seus vestidos de verão,
e as nuvens - grandes cúmulos brancos
na pura duração do azul.

H.Dobal-"Novos poemas". Poesia reunida.

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25/08/10

DESASSOSSEGOS - 107



«Sabes o que notei em mim? Que a minha pele já não é como antes, que mudou sem que tenha descoberto uma ruga a mais. São sempre as mesmas rugas, as que tive aos vinte anos, só que cavadas, acentuadas. É um sinal, e de quê? De uma maneira geral, sabe-se onde isto nos leva: ao final. Mas além disso? Com que rostos vamos desaparecer, tu e eu? Não é envelhecer que me assombra, mas a desconhecida que sucede a uma desconhecida.»

Ingeborg Bachmann
encontrado em http://www.theresonly1alice.blogspot.com/

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24/08/10

NOCTURNOS - 86



Viajante lunar

Hoje vi a Lua boiando tranquila,
..................nas águas de uma lagoa.
Mergulhei os pés na Lua.
Várias Luas surgiram, em torno
............................de mim,
foram crescendo, crescendo...
Fiquei cercado pelo luar.

Jorge Elias Neto - http://jeliasneto.blogspot.com

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23/08/10

LER OS CLÁSSICOS - 130

árvores

À sombra da tília

À sombra da tília,
num prado,
onde ficava nossa cama,
aí talvez encontreis
ambas as coisas:
flores esmagadas e grama.
Ante a floresta, num vale afastado
"tandaradei!"
docemente o rouxinol tem cantado.

Eu ia indo
para o prado,
aí meu amigo já havia chegado.
Então fui recebida,
nobre dama,
que cada vez sou mais feliz.
Beijou-me? Mil vezes o fiz!
"Tandaradei!"
Vede quão rubra está a minha boca.

Então ele preparou-me
uma sumptuosa cama
de flores.
Agora rimo-nos
descuidosos ,
quando alguém vem pelo mesmo caminho.
Ao ver as rosas, nota perfeitamente
tandaradei,
onde a minha cabeça esteve deitada.

Deus não permita
que alguém saiba
que ele esteve deitado comigo
pois eu teria muita vergonha.
Que nunca ninguém saiba o que ele fez comigo
excepto ele e eu
e um passarinho pequenino
tandaradei,
que de certo ficará caladinho.



Walther von der Vogelweide
Áustria, (1170? 1230?)

Nota: as duas estrofes finais foram traduzidas e enviadas pela Júlia Guarda Ribeiro ;das primeiras desconheço o tradutor.

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22/08/10

visitas.
Obrigada, amigos e parceiros de navegação!

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BERCEUSE(s)







http://www.youtube.com/watch?v=8HayHLUZIcU


" Berceuse"

Canção de embalar é talvez
demasiado melódico e além disso
um desuso. Já ninguém canta a adormecer
os filhos. Coisa imprópria para o crescimento
de criaturas autónomas
e hiper-activas que devem fugir
ao sedentarismo e à obesidade.
O Canal Panda faz isso muito melhor
ou qualquer brinquedo mecânico e perfeito.

Também já ninguém canta
nos lavadouros públicos ou nos campos. Os
únicos campos onde se cantam as brumas
da memória
são os estádios. Os
pedreiros deixaram de cantar à pedra:

Hou! pedra, hou!
Hou! linda pedra, hou!

e as canções de trabalho (uma espécie
de berceuses da fadiga) passaram
a matéria etnográfica. Por isso os
estudantes de português já não entendem

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura ou
Sete anos de pastor Jacob servira.

Mesmo o Schone Mullerin do Schubert que
se ouve ainda nos concertos clássicos
com vaga subserviência patega
(porque em alemão, não se percebe nada),
só os amantes do lied reconhecem.

E se percebessem?
A moleira já não seria schon


e não teria 80 anos, bem bonito rol
como a de Junqueiro,
pela estrada fora toc, toc, toc, mas agora reclusa
numa casa geriátrica, em contagem crescente
da inacção.

Muito pouco,
tão pouco, para um mundo
embalado na pesquisa espacial
de água em Marte.


Inês Lourenço in "Coisas que nunca "encontrado em http://adispersapalavra.blogspot.com/

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21/08/10

OS MEUS POETAS - 186

liberdade

Sair

Largar o cobertor, a cama, o
medo, o terço, o quarto, largar
toda simbologia e religião; largar o
espírito, largar a alma, abrir a
porta principal e sair. Esta é
a única vida e contém inimaginável
beleza e dor. Já o sol,
as cores da terra e o
ar azul – o céu do dia –
mergulharam até a próxima aurora; a
noite está radiante e Deus não
existe nem faz falta. Tudo é
gratuito: as luzes cinéticas das avenidas,
o vulto ao vento das palmeiras
e a ânsia insaciável do jasmim;
e, sobre todas as coisas, o
eterno silêncio dos espaços infinitos que
nada dizem, nada querem dizer e
nada jamais precisaram ou precisarão esclarecer.

Antonio Cícero
Nota: António Cícero escreve também no blogue http://antoniocicero.blogspot.com/

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20/08/10

PENSAR - 115



O Erro no Juízo


Porque é que se erra tanto no juízo sobre nós? Porque quando realizamos uma obra damos o máximo que temos. Acima disso é o invisível. E só quando isso se nos torna visível poderemos medir a distância a que fica o que fizemos. Para ajuizar do que é inferior é preciso ser-se superior. É por isso que um imbecil facilmente se julga um génio. À cautela, portanto, o melhor é não nos julgarmos...

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente IV'

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19/08/10

POEMAS COM ROSAS DENTRO - 86



A rosa vermelha
Semelha
Beleza de moça vaidosa, indiscreta.
As rosas são virgens
Que em doudas vertigens
Palpitam,
Se agitam
E murcham das salas na febre inquieta.

Mas ai! Quem não sonha num trêmulo anseio
Prendê-las no seio
Saudoso o Poeta. [...]

Castro Alves

O talvez mais conhecido poema de Castro Alves, o Navio Negreiro, deu origem a vídeo que pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=IPbetX97Q_8

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18/08/10



Ausência

Quando minha voz
se fizer
ausência, entenda o silêncio
como prova da verdade.

......... Arrume as palavras deixadas
......... entre folhas, faça frases
......... e desordene parágrafos.

Minha voz ausente
estará diante
do esforço. Concentre sua hora
na descoberta dos traços.

Risque as letras e deixe em branco
a parte inferior do silêncio.


Pedro Du Bois
ttp://pedrodubois.blogspot.com

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17/08/10

OMNIA VINCIT AMOR -149


Intimidade


No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

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16/08/10

VALSINHA



Um dia ele chegou tão diferente / Do seu jeito de sempre chegar / Olhou-a dum jeito muito mais quente / Do que sempre costumava olhar / E não maldisse a vida tanto / Quanto era seu jeito de sempre falar /E nem deixou-a só num canto /Pra seu grande espanto convidou-a pra dançar


E então ela se fez bonita / Como há muito tempo não queria ousar / Com seu vestido decotado / Cheirando a guardado de tanto esperar / Depois o dois deram-se os braços / Como há muito tempo não se usava dar / E cheios de ternura e graça foram para a praça / E começaram a se abraçar


E ali dançaram tanta dança /Que a vizinhanca toda despertou / E foi tanta felicidade / Que toda cidade enfim se iluminou / E foram tantos beijos loucos / Tantos gritos roucos como não se ouvia mais / Que o mundo compreendeu / E o dia amanheceu em paz


Chico Buarque e Vinícius de Moraes

http://www.youtube.com/watch?v=uSz17T7ue6Q&feature=related

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15/08/10

LEITURAS - 146

autores

Perdoando Deus

Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade.
Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso “fosse mesmo” o que eu sentia — e não possivelmente um equívoco de sentimento — que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mim, mas muito certo, e não ocorrera antes apenas porque não tinha podido ser. Sei que se ama ao que é Deus. Com amor grave, amor solene, respeito, medo e reverência. Mas nunca tinham me falado de carinho maternal por Ele. E assim como meu carinho por um filho não o reduz, até o alarga, assim ser mãe do mundo era o meu amor apenas livre.
E foi quando quase pisei num enorme rato morto. Em menos de um segundo estava eu eriçada pelo terror de viver, em menos de um segundo estilhaçava-me toda em pânico, e controlava como podia o meu mais profundo grito. Quase correndo de medo, cega entre as pessoas, terminei no outro quarteirão encostada a um poste, cerrando violentamente os olhos, que não queriam mais ver. Mas a imagem colava-se às pálpebras: um grande rato ruivo, de cauda enorme, com os pés esmagados, e morto, quieto, ruivo. O meu medo desmesurado de ratos.

[….]

Clarice Lispector , Felicidade clandestina. - excerto
Pode ler-se na totalidade em
http://prosaempoema.wordpress.com/2010/08/06/perdoando-deus/
-um blogue que recomendo

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14/08/10

NOCTURNOS - 85



Contemplei da lua, ou quase,
o modesto planeta que contém
filosofia, teologia, política,
pornografia, literatura, ciências
exactas ou arcanas. Nele há mesmo o homem,
e eu entre eles. E tudo é muito estranho.

Dentro de poucas horas será noite e o ano
terminará entre explosões de espumantes
e fogos de artifício. Talvez de bombas e coisas [piores,
mas não aqui onde estou. Se alguém morre
ninguém se importa desde que seja
desconhecido e longe.

Eugenio Montale

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13/08/10

O Que é Ler?



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09/08/10

PÉROLAS - 203

aves
foto:Ana Pires

Calaram-se os pássaros

Calaram-se os pássaros.

Regressou enferma

a ave que rasgou a sombra

das árvores em pleno verão

sem encontrar o caminho para a chuva.

Graça Pires em O silêncio: lugar habitado, 2009

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08/08/10

POETAS MEUS AMIGOS - 133



a poesia


"Ai que saudades que eu tenho
da aurora da minha vida..."


Quando eu tinha oito anos conheci
a Poesia, quase meio de abril, não
me lembro bem o dia, o açude estava
cheio, lá no céu luar luzia um ouro igual
às comidas que a minha mãe fazia lá
na casa de vovô, quando tudo era alegria.

Sim, foi depois do jantar que a outra
Tia Maria então resolveu cantar uma história
que sabia, e pensei estar a contar
a vida que eu vivia.

Se eu pudesse voltar àquele tempo
feliz, quando vivia a nadar e brincar
no chafariz, muita história ia inventar,
mas sem crescer o nariz, sanfona
iria tocar, e Beija-flor ou Concriz iriam
irradiar um jogo de futebol que, só para
ser melhor, tinha um doido por juiz.

Pois a Poesia é criar imagens
só com a escrita. Rosinha vive
a tentar com sua letra bonita, seu
caderno a enfeitar, mas já notei
que se irrita se eu apenas falar
que a sua seda é só chita.

Alguém precisa dizer, sinceramente,
às meninas, que seus cadernos bonitos
podem ser tudo, mas mina do tesouro
da Poesia é palavra, ritmo e rima.

A Poesia é como Deus: para quem
sabe da prece, pode até se mascarar,
mas ela um dia aparece, esse dito,
esse não dito, essa mal dita bendita.


escritos de Nanin
pelo modesto Antônio Adriano de Medeiros

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07/08/10

DO FALAR POESIA - 118



Dita

[a Dedé Veloso]

Qualquer poema bom provém do amor
narcíseo. Sei bem do que estou falando
e os faço eu mesmo pondo à orelha a flor
da pele das palavras, mesmo quando

assino os heterônimos famosos:
Catulo, Caetano, Safo ou Fernando.
Falo por todos. Somos fabulosos
por sermos enquanto nos desejando.

Beijando o espelho d’água da linguagem,
jamais tivemos mesmo outra mensagem,
jamais adivinhando se a arte imita

a vida ou se a incita ou se é bobagem:
desejarmo-nos é a nossa desdita,
pedindo-nos demais que seja dita.

antonio cicero. in guardar
editora: record

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06/08/10

POEMA À BOCA FECHADA

05/08/10

OMNIA VINCIT AMOR - 149















Quando somos muito fortes, - quem recua?
muito alegres, – quem cai no ridículo?
Quando somos muito maus, - que fariam de nós ?

Alindai-vos, bailai, desatai a rir.
- Eu nunca poderia atirar o Amor pela janela.

Arthur Rimbaud
Lido em http://palavraguda.wordpress.com/

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04/08/10

ESCREVER - 85




«Os livros não se fazem como os filhos, mas como as pirâmides, com um plano longamente pensado, e pondo grandes blocos de pedra uns em cima dos outros, à custa de esforço, tempo e suor. E não serve para nada! Fica assim erguida no deserto! Mas domina-o de uma maneira prodigiosa. Os chacais mijam-lhe na base, e os burgueses trepam-lhe ao topo.»

Julian Barnes in O papagaio de Flaubert
ed:Quetzal

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03/08/10

DO FALAR POESIA - 119



Arte poética

Que o verso seja como uma chave

Que abra mil portas.

Uma folha cai; algo passa voando;

Quanto os olhos vejam criado seja,

E a alma do ouvinte fique a tremer.


Inventa novos mundos e zela pela palavra;

O adjectivo, quando não dá vida, mata.


Estamos no ciclo dos nervos.

O músculo está exposto,

Como recordação, nos museus;

Mas nem por isso temos menos força:

O verdadeiro vigor

Reside na cabeça.


Por que cantais a rosa, ó Poetas!

Fazei-a florescer no poema;

Somente para nós

Vivem todas as coisas debaixo do Sol.


O poeta é um pequeno Deus.


Vicente Huidobro, in El espejo de agua (1916)

Versão de HMBF - in http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/

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POETAS MEUS AMIGOS - 132

infância

Nunca soube lançar o pião
como os rapazes no terreiro,
entre os contentores: aprendizes
de ladrões, de proxenetas,

arrumadores. Nunca soube
lançar o pião. Nem puxar-lhe
o cordel entre os dedos
ou içá-lo, rodopiante, na palma

a mão, acima do solo
conspurcado e mudo. Lancei
a minha vida, os meus
anseios. E foi tudo.

Vítor Oliveira Mateus - em A Irresistível Voz de Ionatos,
Editora Labirinto, 2009, Lisboa

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02/08/10

DIÁRIOS DE ADÃO E EVA

Ora aqui está um pequenino livro de Mark Twain que nos diverte pelo humor inteligente...

Diverti-me, ao lê-lo e por isso o recomendo.
ed.Estrofes e Versos,
formato:15x10;62 p.

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O HINO DE UGARIT








http://www.youtube.com/watch?v=O4hTxDTMNmk

Ugarit (atual Ras Shamra, em árabe: رأس شمرة, significando "topo/cabeça/capa do funcho selvagem") foi uma antiga e cosmopolita cidade portuária, situada na costa mediterrânica do norte da Síria, alguns quilómetros ao norte da cidade moderna de Latakiafonte:wikipedia

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01/08/10

PÉROLAS -202

casa

Desvia o estore de bambu,
amor;
entra e chega-te a mim.
Se a minha mãe ouvir,
direi: "foi apenas o vento".

Anónimo,séc VIII, Japão
trad:S.Reckert- publicado in "Rosa do Mundo"

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