28/02/11

OMNIA VINCIT AMOR - 158

amor

"O amor nunca morre de morte natural. Morre porque nós não sabemos reabastecer sua fonte. Morre de cegueira, erros e traições. Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações e da falta de brilho."

Anaïs Nin

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27/02/11

ELIS REGINA




Para mim ELA/ELIS foi a mais bela voz das tantas que nos vêm do Brasil...

http://www.youtube.com/watch?v=evT5YE9pvYU

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26/02/11

ARTE - 6

arte azteca - deusa da água

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OS MEUS POETAS - 207

25/02/11

ESCREVER - 93



Photobucket

os fios de uma história entrelaçam-se de vez em quando e formam uma imagem na teia; de vez em quando, as personagens adoptam uma atitude entre si ou em relação à natureza, que deixa a história gravada como uma ilustração. crusoe retrocedendo perante uma pegada, aquiles gritando contra os troianos, ulisses dobrando um grande arco, christian a correr com os dedos nos ouvidos: todos estes são momentos culminantes na lenda, e todos ficaram impressos para sempre no olho da mente. podemos esquecer outras coisas; podemos esquecer as palavras, mesmo que sejam belas; podemos esquecer os comentários do autor, mesmo que sejam engenhosos e verdadeiros; mas estas cenas capitais, que põem a marca definitiva da verdade numa história e, de um só golpe,preenchem a nossa capacidade de prazer, adoptamo-las de tal modo no íntimo do nosso espírito que nem o tempo nem a maré podem apagar ou enfraquecer a sua impressão.

robert louis stevenson -(a gossip on romance, memories an portraits)

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24/02/11

DESASSOSSEGOS - 113

noite

Candeeiro público

Que glacialmente só na noite está o meu candeeiro público.
As pedritas da rua descansam as pequenas cabeças em seu redor
ali onde ele abre o seu guarda-chuva de luz sobre elas
para que não se aproxime a malvada obscuridade.

Estamos todos longe de casa, diz.
Já não há esperança alguma.

Rolf Jakobsen

versão de Luís Parrado ( http://arspoetica-lp.blogspot.com/)a partir da tradução espanhola de Francisco J. Uriz reproduzida em Tres poetas noruegos, tradução e selecção de F. J. Uriz, Libros del Innombrable, Saragoça, 2002, p. 20).

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23/02/11

ARTE -5

arte chinesa : estatueta em marfim

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Que esperto que eu sou


http://www.youtube.com/watch?v=2x0mvUGjfzU

Uma espécie de contraponto ao Que parva que eu sou! dos Deolinda. Imagens não lá muito bonitas, mas palavras creio que oportunas.

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22/02/11

LEITURAS -161

ler


É um velho de pé na ré de um barco. Aperta nos braços uma mala leve e um recém-nascido, ainda mais leve do que a mala. O velho chama-se Senhor Linh. É o único a saber que se chama assim pois todos os que o sabiam morreram à sua volta.De pé na popa do barco, vê afastar-se o seu país, o dos seus antepassados e dos seus mortos, enquanto a criança dorme nos seus braços. O país afasta-se, torna-se infinitamente pequeno, e o Senhor Linh vê-o desaparecer no horizonte, durante horas a fio, apesar do vento que sopra e o sacode como uma marioneta.A viagem prolonga-se por muito tempo. Dias e dias. E o velho passa todo este tempo na popa do barco, de olhos postos na esteira branca que acaba por se unir ao céu, a perscrutar o horizonte para continuar a distinguir a costa esvanecida. Quando o conduzem ao camarote, deixa-se guiar sem dizer nada, mas encontram-no um pouco mais tarde, na ponte da popa, uma mão agarrada à amurada, a outra estreitando a criança, a pequena mala de couro fervido pousada aos pés. A mala está atada por uma correia para não poder abrir-se, como se guardasse bens preciosos. Na verdade, contém roupa co­çada, uma fotografia que a luz do sol apagou quase totalmente, e um saco de lona no qual o velho conserva um punhado de terra. Foi tudo o que o homem pôde levar consigo. E a criança, obvia­mente.

Philipe Claudel ,1ªpágina de A Neta do Senhor Linh
recolha de aberturas de livros por iniciativa de José Matias Alves

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21/02/11

AO DESCONCERTO DO MUNDO


Luís Vaz de Camões - Rimas

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DO FALAR POESIA -126

autores

"Arte poética"

Que o verso seja como uma chave
que abra mil portas.
Uma folha cai; algo passa voando;
que tudo quanto vejam os olhos criado seja,
e a alma de quem ouve fique tremendo.

Inventa mundos novos e cuida de tua palavra;
o adjetivo, quando não dá vida, mata.

Estamos no ciclo dos nervos.
pendura o músculo,
como lembrança, nos museus;
mas nem por isso temos menos força:
o vigor verdadeiro reside na cabeça.

Por que cantais a rosa, oh poetas!
fazei-a florescer no poema.
Só para nós
vivem todas as coisas sob o Sol

O poeta é um pequeno Deus.

Vicente Huidobro

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20/02/11

ARTE - 4



leão, guardador de templo na Anatólia

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Estou com a Mafaldinha...

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19/02/11

POETAS MEUS AMIGOS - 147

casas

uma casa

é uma forma simples se for uma criança a desenhá-la
e nada a pode definir melhor
dois pares de paredes uma chaminé
janelas por onde vemos o sol e o frio a entrar
mas por onde também a noite se esconde

é a linha de largada para todas as aventuras
e o farol para não nos perdermos
no princípio da vida
é o bálsamo a que voltamos
quando lá fora descobrimos
que os tempos estão difíceis

casa
que dizer-vos desse lugar sagrado
fico-me pela oculta esperança
de que muito a estimem
eu só conheço a minha
cada um sabe de si

carlos peres feio

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18/02/11

BILLLIE HOLIDAY



De uma das mais belas vozes do jazz - sem esquecer Ella Fitszgerald, claro.
E outras e outros.
http://www.youtube.com/watch?v=rXLB32n6lq8&feature=player_embedded

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17/02/11

EM LUTA


no comments

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COISAS MINHAS - em reposição

ESPELHO

és
quem te vês
nos olhos de quem amas

esse o momento
do esplendor
e da verdade
- só teu


Amélia Pais
publ.em junho de 2005 com o nº18 de coisas minhas

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16/02/11

DE AMICITIA - 105

15/02/11

ARTE - 3

velha agachada - arte romana

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DO FALAR POESIA - 125

missanga 2

Um fio de silêncio costurando o tempo

A missanga, todos a vêem. Ninguém nota o fio que, em colar vistoso, vai compondo as missangas. Também assim é a voz do poeta: um fio de silêncio costurando o tempo.

Mia Couto
Encontrado em http://cortenaaldeia.blogspot.com/

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14/02/11

LEITURAS -160


Um erro

Estou aqui devido a um erro — não nesta cadeia especificamente — mas em todo este mundo terrível, às riscas; um mundo que parece não um mau exemplo de amadorismo, mas que é, na realidade, horror, calamidade, loucura, erro, e vede, o achado raro, intrigante, mata o turista, o gigantesco urso esculpido abate o seu martelo de madeira sobre mim. E no entanto, desde a mais tenra infância, tive sonhos... Nos meus sonhos, o mundo tinha nobreza, espiritualidade; as pessoas que em estado de vigília tanto temia nele apareciam numa refracção fremente, como se estivessem embebidas, envoltas nessa vibração de luz que em tempo de calor confere vida aos próprios contornos dos objectos; as suas vozes, os seus passos, as expressões dos seus olhos e mesmo das suas roupas adquiriam um significado comovente; em termos mais simples, nos meus sonhos o mundo ganhava vida, tornando-se tão captivantemente majestático, livre e etéreo que depois era opressivo respirar a poeira dessa vida decalcada. Mas também há muito que me afiz a ideia de que aquilo a que chamamos sonhos é uma semi-realidade, a promessa de realidade, um vislumbre e um bafo, ou seja, os sonhos contêm, num estado diluído, muito vago, mais realidade genuína do que o nosso decantado estado de vigília que, por sua vez, é um semi-sono, uma modorra maligna na qual penetram, grotescamente deformados, os sons e as imagens do mundo real, fluindo para lá dos limites da consciência, como quando se ouve durante o sono um conto horrorosamente insidioso porque o ramo duma árvore está a arranhar uma vidraça, ou nos vemos a afundar-nos na neve porque o lençol está a escorregar. Mas como receio acordar!

Vladimir Nabokov, in Convite para uma Decapitação

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13/02/11

Vamos dar a volta a isto!



E assim regressa a canção de intervenção... para já a nível dos mais jovens (23% de lienciados no desemprego em Portugal)

PARVA QUE EU SOU

Sou da geração sem remuneração/E não me incomoda esta condição/Que parva que eu sou/Porque isto está mal e vai continuar /Já é uma sorte eu poder estagiar/ Que parva que eu sou/ E fico a pensar/ Que mundo tão parvo/ Onde para ser escravo é preciso estudar//Sou da geração "casinha dos pais" /Se já tenho tudo, pra quê querer mais? /Que parva que eu sou/ Filhos, maridos, estou sempre a adiar/ E ainda me falta o carro pagar/ Que parva que eu sou/ E fico a pensar Que mundo tão parvo Onde para ser escravo é preciso estudar //Sou da geração "vou queixar-me pra quê?" /Há alguém bem pior do que eu na TV/ Que parva que eu sou/ Sou da geração "eu já não posso mais!"/ Que esta situação dura há tempo demais /E parva não sou/ E fico a pensar,/ Que mundo tão parvo /Onde para ser escravo é preciso estudar//

http://www.youtube.com/watch?v=f8lo82tXbWU&feature=player_embedded
Em contestação a esta canção, sugiro a leitura de http://www.a23online.com/2011/02/07/a-hipocrisia-dos-cotas-que-se-comovem-com-a-musica-dos-deolinda/ - e dos numerosos comentários, em que participei com a minha opinião.

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12/02/11

GLORIA AO EGIPTO - 2

lugares

[Descendo o rio]


Descendo o rio ao ritmo dos remadores
Para ir, a Mênfis, o meu ramo de juncos sobre
o meu ombro,
Mênfis, conhecida como a «Vida das Duas Terras».
E ao grande deus Ptah pedirei
«Deus da Verdade, deixa que me deite com o meu amor hoje à noite».

Ah! Só pensar nisso faz com que o rio pareça vinho,
O vinho sobe-me à cabeça,
Ptah habita os canaviais dos rios,
A deusa Sekhmet as flores das margens,
O deus Nefertem floresce na flor do 1ótus.

Pensar na beleza do meu amor
É como a manhã a nascer
Dando luz ao céu.

A cidade de Mênfis vê-se na linha do horizonte
O meu amor faz a oferenda
Da sua taça com fruta a Ptah
O deus do rosto que brilha.

Anónimo do Antigo Egipto
Trad. de Hélder Moura Pereira

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11/02/11

Gloria all' Egitto


http://www.youtube.com/watch?v=sGJOpCkEzjU

Sim, glória ao povo sofredor do Egipto, digno dos que contruiram as pirâmides e que, pacificamente encheu as ruas e conseguiu vencer o ditador.O melhor para o povo egípcio que demonstrou que YES, WE CAN!

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«ENSINOU A OBSERVAR EM VERSO» - 25

retratos

Cabelos


Ó vagas de cabelos esparsas longamente,
Que sois o vasto espelho onde eu me vou mirar,
E tendes o cristal dum lago refulgente
E a rude escuridão dum largo e negro mar;

Cabelos torrenciais daquela que me enleva,
Deixai-me mergulhar as mãos e os braços nus
No báratro febril da vossa grande treva,
Que tem cintilações e meigos céus de luz.

Deixai-me navegar, morosamente, a remos,
Quando ele estiver brando e livre de tufões,
E, ao plácido luar, ó vagas, marulhemos
E enchamos de harmonia as amplas solidões.

Deixai-me naufragar no cimo dos cachopos
Ocultos nesse abismo ebânico e tão bom
Como um licor renano a fermentar nos copos,
Abismo que se espraia em rendas de Alençon!

E ó mágica mulher, ó minha Inigualável,
Que tens o imenso bem de ter cabelos tais,
E os pisas desdenhosa, altiva, imperturbável,
Entre o rumor banal do hinos triunfais;

Consente que eu aspire esse perfume raro,
Que exalas da cabeça erguida com fulgor,
Perfume que estonteia um milionário avaro
E faz morrer de febre um pobre sonhador.

Eu sei que tu possuis balsâmicos desejos,
E vais na direcção constante do querer,
Mas ouço, ao ver-te andar, melódicos harpejos,
Que fazem mansamente amar e enlanguescer.

E a tua cabeleira, errante pelas costas,
Suponho que te serve, em noites de Verão,
De flácido espaldar aonde te recostas
Se sentes o abandono e a morna prostração.

E ela há-de, ela há-de, um dia, em turbilhões insanos,
Nos rolos envolver-me e armar-me do vigor
Que antigamente deu, nos circos dos romanos,
Um óleo para ungir o corpo ao gladiador

. ................................................
.................................................

Ó mantos de veludo esplêndido e sombrio,
Na vossa vastidão posso talvez morrer!
Mas vinde-me aquecer, que eu tenho muito frio
E quero asfixiar-me em ondas de prazer.

Cesário Verde , O Livro

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10/02/11

viva o povo egípcio!



Dos tempos longínquos do Viva o Poder Popular - parece ter eco nos países do norte de África e Médio Oriente; chegará - e oxalá que para bem - à África subsariana onde há ditadores de mais de 30 anos que não querem sair nem por nada deste mundo enquanto não colocarem os seus roubos a salvo...como fez a 1ªdama da Tunísia...O Mubarak parece que se aboletou com uns 200 000 biliões(mil milhões), u mesmo de mais de 500 000* biliões de dólares - Já para não falar da China a quem todos se curvam (até o Ramos Horta que aconselhou a não presença na entrega do Prémio Nobel da Paz a um dissidente chinês...) - a memóra dos timorenses e de tantos outros é muito frágil...afinal,money,money,money,/ money makes the world go around...(Do filme Cabaret de Bob Fosse ).E agora:antecipo o envio deste post, pela libertação conseguida pelo povo egípcio, digno dos que construiram as pirâmides e honraram Moisés no seu forçado exílio...Sim, sabemos,desde o Chile, que«o povo unido jamais será vencido» e que,sim,yes, we can!

http://www.youtube.com/watch?v=h4Xy6-QnQko

Como se vê, tenho muita difiuldade quando um nº tem mas de 3 zeros -porque será?

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OMNIA VINCIT AMOR - 157

Dizem os dois «amo-te» ou pensam-no e sentem-no
por troca, e cada um quer dizer uma ideia
diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor
ou um aroma diferente, na soma abstracta
de impressões que constitui a actividade da alma.
F. Pessoa/Bernardo Soares - L.D.

http://cortenaaldeia.blogspot.com/2011/02/e-sentem-no-por-troca.html?zx=762070daa3d25a53

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09/02/11

ARTE -2

arte suméria

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O PRAZER DE LER -120

autores

A Importância da Segunda Leitura

Há escritores, dissera eu a Gambetti, que entusiasmam o leitor, quando este os lê pela segunda vez, em muito mais alto grau do que na primeira vez, com Kafka sempre me acontece assim. Conservo Kafka na memória como um grande escritor, tinha eu dito a Gambetti, mas, ao relê-lo, fiquei absolutamente com a impressão de ter lido um ainda muito maior. Não há muitos escritores que, à segunda leitura, se tornem mais importantes, mais admiráveis, na sua maior parte lemo-los pela segunda vez e envergonhamo-nos de alguma vez os ter lido, com centenas de escritores assim nos acontece, mas não com Kafka nem com os grandes russos, Dostoievski, Tolstoi, Turgueniev, Lermontov, nem com Proust, com Flaubert, com Sartre, que para mim se contam entre os maiores de todos. Não me parece que seja mau o método de ler uma segunda vez os escritores que tínhamos lido uma vez e nos tinham impressionado, pois eles são nesse caso ou ainda muito maiores, muito mais importantes, ou a sua importância desvanece-se por completo.
Thomas Bernhard, in 'Extinção'

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08/02/11

LEITURAS - 159

retratos

A empregada da pizzaria

Disse-me contrariada que trabalhava no centro comercial, na pizzaria de uma cadeia italiana. «São doze horas de trabalho, uma hora para almoço. Não é bem cadeia, é mesmo trabalhos forçados.» «Então e o projecto das fotografias por telemóvel?», perguntei. «Não tenho mais paciência para projectos», disse. «Agora só quero é chegar viva ao fim do dia e meter-me em água quente para me tirar das narinas o fedor dos orégãos.»

Luísa Costa Gomes -em Ilusão ou o que quiserem
Encontrado em http://cafecentralissimo.blogspot.com/

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07/02/11

ARTE - 1- uma nova secção neste barco

arte egípcia

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«ENSINOU A PENSAR EM RITMO» - 9

estados de alma

Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da natureza:
- «Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel deveza,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária,
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor das mil, que amaste,)
Com ódio e raiva e dor - que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!

Antero de Quental

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06/02/11

MARIA CALLAS




A insuperável e «casta diva»...só porque acho que foi a mais bela voz que passou pela ópera...aqui interpretando uma ária de Rossini.

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05/02/11

PÉROLAS -217


Estamos todos na sarjeta,mas alguns de nós
olham para as estrelas

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POETAS MEUS AMIGOS - 146

amizade

Flores



a partir de hoje não lhe trarei flores
apesar de inverno, lá fora podemos encontrá-las
florescem ainda aquelas resistentes ao frio

se lembra daquelas do último verão?!
que dentre as que murchavam havia
outras que surgiam coloridas?!
a vida assim não haverá que se dividir
porque em qualquer das estações sempre há flores
não se frustre em esperá-las

ao invés de lhe trazer flores
para ornar de cores sua beleza
ou tecer alguma coroa aos deuses
ou colorir uma revelação no altar divino,
vamos a elas nesta hora fria do dia
um frio que nem tão forte é que nos impeça de sair

fora de casa nada nos vem como prenda
o que nos vem é mais que isso
nada mais nos é do que vê-las
esquecemos de ter ou de receber
e nos despimos dos conhecimentos
de esperar raridades alheias
como hoje esperou por mim
pensando que traria uma rara flor

a partir de hoje não lhe trarei flores
vamos sair, chove muito pouco
um chuvisco apenas
vamos juntos, sabemos onde
nos esperam muitos hibiscos


Jefferson Bessa - http://jeffersonbessa.blogspot.com/

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04/02/11

PORQUE SE INICIOU HÁ 50 ANOS A LUTA PELA LIBERTAÇÃO DE ANGOLA


http://www.youtube.com/watch?v=f7CPHC0hZHA

[lembro o post aqui colocado há dias com a recomendação do livro K3 de Nuno Dempster]

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«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE» - 42

Photobucket

Singra o navio. Sob a água clara
Vê-se o fundo do mar, de areia fina...
Impecável figura peregrina,
A distância sem fim que nos separa!

Seixinhos da mais alva porcelana,
Conchinhas tenuemente cor de rosa,
Na fria transparência luminosa
Repousam, fundos, sob a água plana.

E a vista sonda, reconstrui, compara.
Tantos naufrágios, perdições, destroços!
Ó fúlgida visão, linda mentira!

Róseas unhinhas que a maré partira...
Dentinhos que o vaivém desengastara...
Conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos...

Camilo Pessanha in "Clepsydra"

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03/02/11

PÉROLAS - 210

marinhas

A vila
o canto longínquo do tempo
deixa-me para sempre. É pouco.
nas dunas crescem as flores novas.

João Miguel Fernandes Jorge

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02/02/11

Yemanjá, Rainha do Mar


Dia 2 de fevereiro, dia de festa de Yemanjá, rainha do mar

IEMANJÁ RAINHA DO MAR

http://www.youtube.com/watch?v=h6nE7wNtgfg&feature=player_embedded


música: Pedro Amorim. versos: Paulo César Pinheiro. intérprete: Maria Bethânia;a letra pode ser lida em http://prosaempoema.wordpress.com/ onde se pode ler também sobre o culto de Iemanjá.

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K3

autores


Que sabia eu do cais de Alcântara
que não tivesse lido
em romances de guerra?

O certo é que vivia mergulhado
numa nuvem de sol,

poalha de luz em volta do meu corpo,
que obliterava o cérebro,
fototropismo
que me tinha levado a versos
alheios ao que fosse caminho,

hoje nem sei como eram,
foram-se na voragem
de cidades perdidas
que me trouxe a este início.

Que importa?

Os versos serão sempre
mais do que os mortos
e têm vida curta,
nem sequer me recordo se em algum
nomeei a Estação Marítima de Alcântara.

É desse cais que evoco a multidão
com lenços brancos
e o súbito rasgar de um choro
que fez levantar mães e raparigas
de sob a mole,

e a arrastou e moveu em uma onda,
derrubando cancelas
e estremecendo o barco,

enquanto dois carros de combate
vieram colocar-se
em frente do costado do navio,

e panfletos voavam
e paisanos atrás deles,

berravam e batiam
entre o tumultuar da gente,

e sombras escapavam,

já os folhetos estavam recolhidos,
e a multidão, contida por uzis em riste
e carabinas com mira telescópica
no terraço dos prédios,
e nós quase chorávamos,
na aflição e no pasmo que afastavam

uma revolta a bordo como aquela
de que há notícia
Fernão de Magalhães ter dominado.

Não me recordo que alguém tenha filmado
uma partida assim,
as amarras de um barco que se rompem
e os soldados a ver, atónitos,
a alteração dos seus na despedida,

e, mesmo que o tivessem feito,
como quereria eu saber do filme
se estava nele,
e se, confuso,
sentia o sangue de a vida não ter prazo
e, em queda, a eternidade de ser jovem
com a morte adiante,
que um grito colectivo rasurara,

[.....]

Nuno Dempster, - K3 -ed.& etc.2011,p.7-8
___________________________
Nota: eis um livro, que se tornava indispensável, sobre a vivência vivida (é intencional a redundância) da guerra colonial, iniciada, em Angola, no dia 4 deste mês de fevereiro de há 50 anos, e depois alargada à Guiné,(a que passa nestes versos), Moçambique...É este o 1ºlivro de poesia, dura, pungente, e, de certo modo catártica para quem a viveu de dentro ou do lado do lá dos barcos que partiam, por esse mar / lágrimas de Portugal, como escreveu Fernando Pessoa. É também um livro para a preservação da memória que urge seja preservada. Transcrevo acima os primeiros versos e, por todos estes motivos, recomendo vivamente este livro e o seu autor, que publicara antes Dispersão, em ed. Sempre em Pé e Londres, na & etc.Nuno Dempster vai também publicando no seu blogue a esquerda da vírgula.(http://esquerda-da-virgula.blogspot.com/)

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01/02/11

POETAS MEUS AMIGOS - 145

amor



- Sob ti -

Quero olhos que,
meus,
veja no fundo dos teus.


José P. di Cavalcanti Jr.

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