31/12/11

DO FALAR POESIA - 140

palavras


 

Discurso Vazio


Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero
há calma e frescura na superfície intata
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Carlos Drummond de Andrade

Etiquetas: ,

30/12/11

POETAS MEUS AMIGOS -157

eli
no dia de hoje

toda a tua vida, todos os teus erros,
convergem na glória do que és: celebra-te
no dia de hoje, canta sob o renovado sol
que toda a noite te aguardou.

gonçalo bruno de sousa___

Etiquetas:

29/12/11

DE AMICITIA -116

28/12/11

DESASSOSSEGOS -129

 ausência
Memória de biografia alheia


Não amei ninguém.
Não me senti amado por ninguém.
Reuni alguns resíduos de paixão
o gosto de todas as alegrias
o desencontro de todas as esquinas
e a inutilidade de todas as palavras.
E nada mais.
 José Mário Rodrigues
encontrado em modus vivendi- http://amata.anaroque.com/

Etiquetas:

27/12/11

ESCREVER - 105

fail better
 Ser artista é falhar como ninguém mais se atreve a falhar. Tentar outra vez.Falhar outra vevez. Falhar melhor"
  Samuel Beckett

Etiquetas: ,

26/12/11

PÉROLAS -237

Photobucket

" Como tu
conviver de perto com todos os seres divinos
do mundo, nunca é demais "
 


 Friedrich Hölderlin 

Etiquetas:

25/12/11

Em dia de Natal,um dos mais belos poemas que conheço

24/12/11

LER OS CLÁSSICOS -154

virgem Maria 

Branca estais e colorada
Virgem sagrada!
Em Belém, vila do amor,
Da rosa nasceu a flor;
Virgem sagrada!
Em Belém, vila do amor,
Nasceu a rosa do rosal;
Virgem sagrada!
Da rosa nasceu a flor,
Pera nosso Salvador;
Virgem sagrada!
Nasceu a rosa do rosal,
Deus e homem natural,
Virgem sagrada!


Gil Vicente

Etiquetas: ,

La Peregrinación

23/12/11

PÉROLAS - 236

 só
solidão eterna
A solidão era eterna
e o silêncio inacabável.
Detive-me com uma árvore
e ouvi falar as árvores.
Juan Ramón Jiménez 

Etiquetas:

22/12/11

SERMÃO DO BOM LADRÃO (excertos)


Bem quisera eu, que o que hoje determino pregar, chegara a todos os reis, e mais ainda aos estrangeiros que aos nossos. (...) Nem os Reis podem ir ao Paraíso sem levar consigo os ladrões, nem os ladrões podem ir ao inferno sem levar consigo os Reis. (...) Vejamos agora como os mesmos reis, se quiserem, podem levar consigo os ladrões ao paraíso. (...) Com uma palavra; mas palavra de rei. Mandando que os mesmos ladrões, os quais não costumam restituir, restituam efectivamente tudo o que roubaram. Executando assim, salvar-se-ão os ladrões, e salvar-se-ão os reis. (...)
Tempos houve em que os demónios falavam, e o mundo os ouvia; mas depois que os ouvia os políticos ainda é pior o mundo.

Padre António Vieira, Sermão do Bom Ladrão, pregado em Lisboa em 1655

Etiquetas:

21/12/11

este país também é meu

(recolhido no facebook)

Etiquetas:

20/12/11

POETAS MEUS AMIGOS -156

monte ararat
 img:monte ararat

Arca 

A nau do sono recolhe fugitivos
como se fosse a arca de Noé.

E se adormecem felizes os amantes
e os filhos com seus pais 

acalentados em noites de bonança
contra a corrente dormem
solitários 
aqueles que sofrem de fome
ou desespero.

O sono nos iguala pelo sonho
porque até no dilúvio deus sabe o que faz
e navegamos todos
rumo ao monte Ararat.

Etiquetas:

19/12/11

OMNIA VINCIT AMOR - 173



encontrado na net

Etiquetas:

18/12/11

DO FALAR POESIA - 139

aristótele

“Não é ofício do poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verosimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa (pois que bem poderiam ser postos em versos as obras de Heródoto, e nem por isso deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram em prosa) - diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o universal, e esta o particular. Por “referir-se ao universal” entendo eu atribuir a um indivíduo de determinada natureza pensamentos e ações que, por liame de necessidade e verossimilhança, convêm a tal natureza; e ao universal, assim entendido, visa a poesia, ainda que dê nomes aos seus personagens; particular, pelo contrário, é o que fez Alcebíades ou o que lhe aconteceu". 

Aristóteles

Etiquetas:

17/12/11

Cesária Évora - Saudade





Morreu hoje, na sua amada ilha de S.Vicente, a grande voz de Cabo Verde - «diva dos pés descalços», assim foi chamada. 

Etiquetas: ,

PENSAR-135

Boa pergunta:
«se a vida começa aos 40 porque nascemos com tanta antecedência?»

Etiquetas:

OMNIA VINCIT AMOR - 172


BRIGHT STAR-4
"Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!"
 Sigmund Freud 
cit. em blogue à portuguesa - http://aldinaduarte.blogspot.com

Etiquetas:

16/12/11

DRUMMOND, O FAZENDEIRO DO AR

Carlos Drummond de Andrade em documentário de Fernando Sabino e David Neves.
Porque o vídeo (realizado em 1972) é relativamente longo, deixo apenas o seu url:
http://www.youtube.com/watch?v=UP66vBqmiNE

Etiquetas: ,

15/12/11

PENSAR -135

encontrado no FB   

Etiquetas:

POEMAS COM ROSAS DENTRO - 101

flores-rosa

  
[b.]

aprende a falar - diz
a rosa: escreve de noite
e que o meu múltiplo sol
te guie inúmeros
os caminhos. põe-te numa sala
com a luz apagada
onde chegue acesa
a de uma outra, e
frágil,
ao papel que para ela
voltas. então, falas
das paixões, da pétala
que cai no interior
do coração
e navega na sombra do
sangue,
de assombro
em
assombro. 


Manuel Gusmão


Etiquetas:

14/12/11

all you need

LEITURAS - 174

o vestido vermelho

Enterra-se uma mulher às duas horas, e às onze e meia o marido encontra-se na cozinha, em frente do espelho rachado, pendurado sobre o lavadoiro da louça. Não chorou muito. Se tem os olhos vermelhos é porque não dormiu quase nada. Veste uma camisa de goma e um vaporzinho leve lhe sai ainda das calças passadas a ferro há pouco. Enquanto a irmã mais nova lhe aperta o colarinho por trás e lhe faz subir o laço da gravata sob o queixo, com um gesto quase tão terno como uma carícia, o viúvo dobra-se para a pia da louça e perscruta ardentemente os seus olhos no espelho; em seguida passa a mão sobre as pálpebras como quem enxuga uma lágrima; mas as costas da mão continuam secas. A mão da irmã mais nova, a irmã bonita, demora-se uns segundos, imóvel, debaixo do queixo dele. O laço da gravata, branco como a neve, destaca-se-lhe na pele avermelhada. Ele acaricia-lhe furtivamente a mão. A irmã bonita é a que ele ama. Ama a beleza. A mulher era feia e doente, por isso a não chorou.


Stig Dagerman - O Vestido Vermelho,
Tradução de Irene Lisboa
 encontrado em  http://locainfecta.blogspot.com/

Etiquetas:

13/12/11

NOCTURNOS - 105

anoitecer em Lisboa-carla laranjeira
foto de carla laranjeira


Desprotegida a noite foi assaltada por memórias
Azul profundo
Carmim
Amarelas
Seus braços abertos se encheram de sono
Seu cabelo solto de vento
Seus olhos de silêncio.

 Odysseus Elytis -Sete Nocturnos (5)
 trad. Mário Cláudio

Etiquetas: ,

12/12/11

DO FALAR POESIA - 138

Photobucket


[Creo que la poesia es verdad]

"Creo que la poesía es verdad, es decir, creo que escribir poesía es tratar de llamar a las cosas por su nombre. La poesía no es, desde luego, una ciencia exacta, pero debe aspirar a ser exacta. A un verso se le puede perdonar que le falte algo, pero no que le sobre: ni una sílaba, ni un silencio. Del mismo modo que una mosca echa a perder una sopa, una mala palabra, una palabra mal puesta, puede echar a perder un poema. Yo abogo por una poesía libre de moscas y de adjetivos superfluos y melifluos. Creo que la poesía y la literatura en general son, en definitiva, y en el mejor sentido de la expresión, cuestión de higiene."

Camilo de Ory

Etiquetas:

11/12/11

OS MEUS POETAS - 231



http://www.youtube.com/watch?v=K_ZGqkFSc2Q

Adios rios, adios fontes...

Adios, rios; adios, fontes;/adios, regatos pequenos;/adios, vista dos meus olhos:/nõe sei quando nos veremos. //Minha terra, minha terra,/terra donde me eu criei,/hortinha que quero tanto/figueirinhas que prantei,//prados, rios, arvoredas,/pinares que move o vento,/paxarinhos piadores,/casinha do meu contento,//muinho dos castanhares,/noites craras de luar,/campaninhas trimbadoras / da igrejinha do lugar,//amorinhas das silveiras/que eu lhe dava ao meu amor/caminhinhos antre o milho,/adios, para sempre adios!// Adios, grória! Adios, contento!/ Deixo a casa onde nacim,/deixo a aldea que conosso/por um mundo que nõe vim!//Deixo amigos por estranhos,/ deixo a veiga polo mar,/deixo, em fim, quanto bem quero.../quem pudera no o deixar...!//Maes som probe e, mal pecado!,/a minha terra n'é minha,/que hastra lhe dãe de prestado/a beira por que caminha/ao que naceu desdichado.//Tenho-vos, pois, que deixar,/hortinha que tanto amei,/fogueirinha do meu lar,//arvorinhos que prantei,/fontinha do cavanhar.//Adios, adios, que me vou,/ervinhas do campo-santo/donde meu pai se enterrou,/ervinhas que biquei tanto,/terrinha que vos criou.//Adios, Virge da Assunciõe,/branca como um serafim:/levo-vos no corassõe;/pedide-lhe a Dios por mim,/minha Virge da Assunciõe.//Já se oiem longe, moi longe,/as campanas do Pomar;/para mim, ai!, coitadinho,/nunca mais hãe de tocar.//Já se oiem longe, mais longe.../Cada balada é um dolor;/vou-me soio, sem arrimo.../Minha terra, adios!,adios!//Adios tamém, queridinha...!/Adios por sempre quiçais...!/Digo-che este adios chorando/desde a beirinha do mar. // Nõe me olvides, queridinha,/se morro de soidás... /tantas légoas mar adentro.../Minha casinha!, meu lar!//
Poema de Rosalia de Castro cantado por Amâncio Prada

Etiquetas:

10/12/11

CAMONIANAS - 70

abre a
romã-francis

Abre a romã, mostrando a  rubicunda
Cor, com que tu, rubi, teu preço perdes;
(...)

(Lusíadas, IX,59)
foto de «francis» -http://francislive.multiply.com/

Etiquetas:

09/12/11

david e golias

Etiquetas:

ESCREVER - 104


Photobucket

Saber que não se escreve para o outro, saber que isto que vou escrever não me fará nunca ser amado por quem amo, saber que a escrita nada compensa, nada sublima, que está precisamente aí onde tu não estás, - é o começo da escrita.


Roland Barthes

Etiquetas:

08/12/11

«uma atitude se impõe:afrontamento»


«quando a desordem se torna ordem,uma atitude se impõe: afrontamento»

Etiquetas:

PÉROLAS - 237











Ilumina o mundo sensível e
o seu raiar esplende sobre
os servidores.

Ficava perto das estrelas se
se movia,
quase um gato feria
o destino das coisas, tangível,

enquanto
é possível a alma e um corpo.


João Miguel Fernandes Jorge
 publ. por aldina duarte 

Etiquetas:

07/12/11

POETAS MEUS AMIGOS -155

sophia-por arpad

espelho dos teus olhos



sophia de ti
disseram-me que
recitavas poemas
em voz alta nos eléctricos
que cantavas nas ruas de Lisboa
enquanto os teus filhos te procuravam
(viram a mãe, aquela que troca tudo e não confunde nada)
e dançavas frente ao espelho dos teus olhos
sempre sempre ao desafio
ah sophia
sofia eras
sophia és
(passeei pelo teu jardim
tão abandonado estava
deu-me vontade de chorar)
Bénédicte Houart

Etiquetas:

06/12/11

Querida Mafaldinha

banda desenhada

Etiquetas:

PENSAR - 134

 autores

 os povos serão cultos na medida em que entre eles crescer o número dos que se negam a aceitar qualquer benefício dos que podem; dos que se mantêm sempre vigilantes em defesa dos oprimidos não porque tenham este ou aquele credo político, mas por isso mesmo, porque são oprimidos e neles se quebram as leis da Humanidade e da razão; dos que se levantam, sinceros e corajosos, ante as ordens injustas, não também porque saem de um dos campos em luta, mas por serem injustas; dos que acima de tudo defendem o direito de pensar e de ser digno.

Agostinho da Silva, in Diário de Alcestes
Encontrado em memória soltas de professor- http://msprof.blogspot.com/

Etiquetas:

05/12/11

OMNIA VINCIT AMOR - 171


https://www.youtube.com/watch?v=_JEsCzTinac&feature=player_embedded#!
Chico Buarque,citando Montaigne - Porque era ela, porque era eu

Etiquetas: ,

04/12/11

LER OS CLÁSSICOS - 153




















Ulisses a Nausicaa


Nunca meus olhos viram
criatura tão bela como tu,

nem homem nem mulher cuja beleza
me confundisse tanto!
Só uma vez em Delos, junto ao altar de Apolo,
vi qualquer coisa de parecido
um ramo de palmeira ... a subir para o céu


Homero, Odisseia
trad. de David Mourão Ferreira

Etiquetas:

03/12/11

life is hard

02/12/11


Já somos 265 000 neste barco de flores

Etiquetas:

AFRONTAMENTO

Photobucket


Não desesperarei da Humanidade.
Por mais que o mundo, o acaso, a Providência, tudo
à minha volta afogue em lágrimas e bombas
os sonhos de liberdade e de justiça.
Jorge de Sena, “Mensagem de Finados”, Poesia II 

Etiquetas:

01/12/11

DO FALAR POESIA - 137

Photobucket 

"E nunca o tormento acha um céu,

 e nunca o desejo acha uma terra.

É por isso que a poesia existe." 

Birger Sjöberg 

Etiquetas:

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons