30/04/12

LEITURAS - 185

ler

[de O Jogador]
«De uma só vez, apostei vinte fredericos nos pares e ganhei. Voltei a apostar cinco e ganhei de novo. E assim duas ou três vezes mais. Creio que juntei uns quatrocentos fredericos em cerca de cinco minutos. Deveria ter-me retirado então, mas brotou em mim uma sensação estranha, como um desejo de desafiar o destino, de dar-lhe uma bofetada, [...].»

Dostoiewski, O Jogador 
– colocado por eli em http://novelosdesilencio.blogspot.com

Etiquetas:

29/04/12

DESASSOSSEGOS - 138

taxi 2

Táxi

Tenho vergonha de estender o braço
para chamar o táxi
tenho medo que ele me veja
tenho medo que ele me veja
e ainda assim
não pare.

Ana Cristina César

Etiquetas:

28/04/12

ARTE- 37

Claude Monet - Giverny

Etiquetas:

A música é como um mar de Deus


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=eBQfHJA2Lng

A MÚSICA É COMO UM MAR DE DEUS 

Ora nada mais propício do que a música para justificar o abismo que há entre senti-la e compreendê-la. 

É evidente que a maioria dos ouvintes de Bach não compreende a sua música: sente-a, faz um todo com ela no momento em que a ouve e nada mais. Mas isso acontece-lhe com toda a expressão musical. Sentir é o grau ínfimo da apropriação: é só um ouvir com os sentimentos possíveis de prazer, desprazer, deleite ou aborrecimento, em suma, um ouvir gostando ou não gostando.


 (Eduardo Lourenço) 

Etiquetas:

27/04/12

O PRAZER DE LER -133

encontrado no FBook

Etiquetas: ,

OS MEUS POETAS - 250

relógio do
rosario
Relógio do rosário
Era tão claro o dia, mas a treva,
do som baixando, em seu baixar me leva

pelo âmago de tudo, e no mais fundo
decifro o choro pânico do mundo,

que se entrelaça no meu próprio chôro, 
e compomos os dois um vasto côro.

Oh dor individual, afrodisíaco 
sêlo gravado em plano dionisíaco,

a desdobrar-se, tal um fogo incerto,
em qualquer um mostrando o ser deserto,

dor primeira e geral, esparramada, 
nutrindo-se do sal do próprio nada,

convertendo-se, turva e minuciosa,
em mil pequena dor, qual mais raivosa,

prelibando o momento bom de doer, 
a invocá-lo, se custa a aparecer,

dor de tudo e de todos, dor sem nome, 
ativa mesmo se a memória some,

dor do rei e da roca, dor da cousa 
indistinta e universa, onde repousa

tão habitual e rica de pungência
como um fruto maduro, uma vivência,

dor dos bichos, oclusa nos focinhos, 
nas caudas titilantes, nos arminhos,

dor do espaço e do caos e das esferas, 
do tempo que há de vir, das velhas eras!

Não é pois todo amor alvo divino, 
e mais aguda seta que o destino?

Não é motor de tudo e nossa única 
fonte de luz, na luz de sua túnica?

O amor elide a face... Ele murmura 
algo que foge, e é brisa e fala impura.

O amor não nos explica. E nada basta, 
nada é de natureza assim tão casta

que não macule ou perca sua essência 
ao contacto furioso da existência.

Nem existir é mais que um exercício 
de pesquisar de vida um vago indício,

a provar a nós mesmos que, vivendo, 
estamos para doer, estamos doendo.

Mas, na dourada praça do Rosário, 
foi-se, no som, a sombra. O columbário

já cinza se concentra, pó de tumbas, 
já se permite azul, risco de pombas.

drummond,claro enigmaCarlos Drummond de Andrade 

Etiquetas:

26/04/12

LER OS CLÁSSICOS - 159

 </span


[Desordenado e continuado desejo, ciúmes e vanglória fazem no coração grande sentimento]


Os amores no coração fazem mais rijo e continuado sentimento que outra benqueren-

ça, por estas razões:

Primeira, por a contrariedade do entender que os contradiz, mostrando de uma parte quanto mal por eles se faz, defendendo que se não faça, e doutra o desejo que muito com eles reina, requerendo com grande afincamento que persevere no que há começado, fazem uma porfia que continuadamente dá grã pena de espírito, afã e cuidado, do que mui amiúde os namorados se queixam, a qual se não pode passar sem rijos sentimentos.
Segunda, porque rijo, desordenado e continuado desejo, ciúmes e vanglória fazem no coração grande sentimento. E porquanto estes reinam mais com amores que com outra benquerença, porém fazem maior sentido.
Terceira, porque assim como dizem as cousas costumadas não fazerem tanto sentir, por esse fundamento aquelas que se abalam convém que o acrescentem.
E pois que os amores nunca dão repouso por fazerem contentar de mui pequeno bem, assim como de uma boa maneira de olhar, gracioso rir, ledo falar, amoroso e favorável jeito, e de tal contrário se assanham, tomam suspeita, caem em tristeza, filhando tão rijo cuidado por uma cousa de nada, como se tocasse a todo seu bom estado, que o não deixa enquanto dura pensar em al livremente, mas como aquele que tem véu posto ante os olhos vê as cousas, dessa guisa ele pensa em todas outras fora do seu fundamento por cima daquele cuidado que lhe faz parecer todas as folganças nada, não havendo aquela que mais deseja.
E se a cobrasse, que tristeza nunca sentiria, o que é tão errado pensamento como bem demonstram muitos exemplos, os quais não quer consentir que se creiam, posto que claramente de demonstrem, pensando que nunca semelhante como ele sentiu que o contrário pudesse sentir, o que adiante as mais das vezes se demonstra mui desvairado do que parece.
E por aqui se pode bem conhecer, posto que não caia em outro erro, quanto perigo é trazer um tal cuidado assim reinante em ele, que o não deixe pensar em cousa livremente sem haver dele lembramento, e como constrangido cuidar em qualquer outro feito por pesado que seja, para o coração no que tais amores lhe mandam quer embargar seu sentido, desamparando todos os outros por necessários que sejam.
E por estas razões convém que traga e faça maiores sentimentos que outra maneira de amar.
o leal conselheiro   
 rei d. duarte -Leal Conselheiro

Etiquetas: ,

25/04/12

a poesia está na rua

25 de abril-h.v.silva 
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo 
 
                         Sophia de Mello Breyner Andresen

Etiquetas:

É PRECISO ACREDITAR DE NOVO E SEMPRE

Photobucket
Belo e difícil este país de não
Ternura e sol de meu amor
Reino de fantasmas de navios
Dedos gigantes abarcando o mar

Ah pudesse eu agarrar no meu país

E dá-lo todo todinho a esta esperança nova


Amélia Pais 
(6.08.1969 - em reposição,porque sim)

Etiquetas: ,

24/04/12

DE AMICITIA - 117

recado aos amigos
Recado aos Amigos Distantes
Meus companheiros amados, 
não vos espero nem chamo: 
porque vou para outros lados. 
Mas é certo que vos amo. 

Nem sempre os que estão mais perto 
fazem melhor companhia. 
Mesmo com sol encoberto, 
todos sabem quando é dia. 

Pelo vosso campo imenso, 
vou cortando meus atalhos. 
Por vosso amor é que penso 
e me dou tantos trabalhos. 

Não condeneis, por enquanto, 
minha rebelde maneira. 
Para libertar-me tanto, 
fico vossa prisioneira. 

Por mais que longe pareça, 
ides na minha lembrança, 
ides na minha cabeça, 
valeis a minha Esperança.


Cecília Meireles, in 'Poemas (1951) 

Etiquetas:

23/04/12

DIA MUNDIAL DO LIVRO

[Da newsletter da Assírio e Alvim]
em https://mail.google.com/mail/#inbox/136de80a376d0888

Todos os dias são bons para visitar uma livraria 

Etiquetas: ,

PÉROLAS - 242

 pardal

Dizem-me que se escondem para morrer
Mas eu digo
Que os pássaros não morrem
Que muito alto no meio da espuma
E dos turbilhões de astros do seu canto
Sobem de planeta em planeta
Até à fonte

 Anne Perrier

Etiquetas:

22/04/12

Earth Song

DIA DA TERRA

Lembra-nos o google no seu mural.

dia da terra 2012, do google
o como está/o como queremos que volte a estar
Para saber o porquê: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_da_Terra

Etiquetas:

DO FALAR POESIA - 144


[O que defendo]

O que defendo é que o primeiro esforço de um poeta deverá ser no sentido de alcançar clareza para si próprio, de se assegurar de que o poema é o resultado certo do processo que se realizou. A mais falhada forma de obscuridade é a do poeta que não conseguiu expressar-se perante ele próprio; a mais falsa é a que se encontra quando o poeta tenta convencer-se de que tem alguma coisa para dizer, e não tem.

T.S.Eliot - em As três vozes da poesia.

Etiquetas:

21/04/12

OS MEUS POETAS -248

20/04/12

DA EDUCAÇÃO - 78

Photobucket
"A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las aos seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum."
Hannah Arendt

Etiquetas:

19/04/12

DESASSOSSEGOS - 137

saudade
"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê!"

Florbela Espanca

Etiquetas:

18/04/12

ensinou a pensar em ritmo -14





O google homenageia, hoje, Antero de Quental, no 170ºaniversário do seu nascimento.Lembremos, então, aquele que foi mestre,segundo Fernando Pessoa, porque «ensinou a pensar em ritmo»

Amor vivo

Amar! mas dum amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímidos arpejos,
Não sejam delírios e desejos
Duma doida cabeça escandecida...

Amor que viva e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser - e não só beijos
Dados no ar - delírios e desejos -
Mas amor... dos amores que têm vida...

Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços,
Como névoa da vaga fantasia...

Nem murchará do Sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns débeis amores... se têm vida?


Antero de Quental, Poesia Completa
l (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 — Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891)

Etiquetas:

O PRAZER DE LER - 131



 encontrado no FBook

Etiquetas:

17/04/12

Ay linda amiga



Cappella Antiqva de Cantabria. - Ay linda amiga!. Anónimo. Cancionero de Palacio S.XVI
Iglesia Románica de Sta. María de Bareyo - Cantabria 
Mayo de 2010
http://www.youtube.com/watch?v=Bod0vHmpP3c&feature=channel&list=UL

Etiquetas:

16/04/12

ESCREVER - 112

[traduzir é...]

troca de rosa
-na definição de Antonio Machado retomada para título de um livro de traduções de Eugénio de Andrade-

O gosto do livro despertou em mim o apetite de traduzi-lo. Nunca fui amante de traduções: por falta de habilitação e de paciência. É esse ofício de traduzir, alguma coisa como a navegação por mares nevoentos, em que você tanto pode salvar-se como topar com um recife, a proa de outro barco, o peixe-fantasma, a mina flutuante e o raio. Às vezes imaginamos que estamos traduzindo e estamos simplesmente falsificando: culpa da cerração no mar de línguas, senão da própria irredutibilidade do texto literário.(...) Traduzi com grandes pausas, como se deve beber cachaça, e se não estou satisfeito com o meu trabalho, confesso que dele tirei prazer.”

“As palavras não são apenas símbolos de coisas, são também coisas elas próprias, com a forma, a cor, a densidade, o peso, a essência peculiar a cada qual. O tradutor tenta o milagre de encontrar, em duas línguas, palavras-coisas que se correspondam exatamente. Não há. Muitas aproximações, entretanto, são felizes: nesse caso, o tradutor do poema escreveu um novo poema. Louvemos, por isso mesmo, os tradutores. Dentro da condição terrestre das ilhas vocabulares, eles fazem o que podem.”

Carlos Drummond de Andrade 

Etiquetas:

15/04/12

POEMAS COM ROSAS DENTRO - 105


Photobucket

Vidência

Se os nossos olhos te enxergassem, rosa,
E não só: “É uma rosa” nos dissessem
Na vulgar gradação que nunca esquecem,
Que epifania na manhã tediosa!


Se eles vissem, ao vê-la, cada coisa
E não seu nome, se afinal pudessem
Fugir da furna abstrata onde destecem

A vida, um morto partiria a lousa


Maciça de aqui estar. Flor, nuvem, muro,
Árvore, que é uma só e não tal nome,
Se tudo entrasse o corredor escuro



Que há em nós, algo de exato se ergueria,
Algo que pára o tempo ou que o consome,
Que alveja a noite e entenebrece o dia.




 Alexei Bueno 

Etiquetas:

14/04/12

cambiar el mundo

encontrado no FBook

Etiquetas: ,

OS MEUS POETAS - 249

passarito -radimScheiber

Versos

Tão cego
apesar da felicidade da vista
tão surdo
apesar do privilégio do ouvido

Uma folha ao vento só tu na romanza
o pássaro na rede Na chuva um cantar
um verme na rosa na esperança uma armadilha
lágrimas na garganta Nas tuas palavras sangue

Tão cego
apesar da felicidade da vista
tão surdo
apesar do privilégio do ouvido

Frantisek Halas

Etiquetas: ,

13/04/12

PENSAR - 142


  
[…] Mais peut-être faut-il aussi aimer la solitude pour parvenir à ne pas être seul. C’est parce qu’ils retrouvent au printemps «leur arbre», qui a traversé ce qu’on pourrait appeler, bien à tort peut-être, la solitude de l’hiver, qu’y reviennent au printemps les oiseaux.

Marguerite Yourcenar, Les Yeux ouverts
Entretiens avec Matthieu Galey



[...] Mas talvez seja necessário amar a solidão, para conseguirmos não estar sós.É porque reencontram na Primavera « a sua árvore»que atravessou o que , com ou sem razão,possamos chamar a solidão do inverno, que, na primavera,lá regressam as aves.

Etiquetas:

12/04/12

NOCTURNOS - 109

Photobucket

Desprotegida a noite foi assaltada por memórias
Azul profundo
Carmim
Amarelas
Seus braços abertos se encheram de sono
Seu cabelo solto de vento
Seus olhos de silêncio.

 Odysseus Elytis -  Sete Nocturnos
(5)
(trad. Mário Cláudio)

Etiquetas: ,

11/04/12

smile


encontrado no Facebook

Etiquetas:

Summertime



...numa das mais belas  vozes femininas do jazz (para mim a mais bela) um clássico de Porgy and Bess de George Gershwin
http://www.youtube.com/watch?v=J8jRgPcO7JQ&feature=player_embedded 

Etiquetas:

10/04/12

book crossing blogueiro

PENSAR - 141


roland barthes

"A História proíbe-nos de ser não actuais"

"Tudo o que é anacrónico é obsceno. Como divindade (moderna), a História é repressiva, a História proíbe-nos de ser não actuais. Do passado, apenas suportamos a ruína, o monumento, o mau gosto, o retrógrado, que é divertido; reduzimo-lo, este passado, à sua única assinatura. O sentimento de amor está fora de moda e essa moda nem como espectáculo pode ser recuperada: o amor sucumbe fora do tempo próprio; nenhum sentido histórico, polémico, lhe pode ser dado: é nisso que reside a sua obscenidade."


Roland Barthes 

Encontrado no blogue à portuguesa – http://aldinaduarte.blogspot.pt/

Etiquetas:

09/04/12

PÉROLAS - 241

  Photobucket


Sou poeta

Sou poeta
E nunca levo escolta.

Belén Reyes
Trad. de Luís Parrado  em http://arspoetica-lp.blogspot.com

Etiquetas:

08/04/12

Hallelujah



do Messias - de  Georg Friedrich Händel
 pelo Choir of King's College, Cambridge

Etiquetas: ,

07/04/12

OS MEUS POETAS - 247

a boneca
img encontrada no facebook

[ A verdade ]


Je ne crois que les histoires dont les
témoins se feraient égorger!
Pensées, Pascal
Eu tinha chegado tarde à escola. O mestre quis, por força, saber porquê. E eu tive que dizer:
 Mestre! quando saí de casa tomei um carro para vir mais depressa, mas, por infelicidade, diante do carro caiu um cavalo com um ataque que durou muito tempo.

 O mestre zangou-se comigo:
 Não minta! diga a verdade!

E eu tive de dizer: Mestre! quando saí de casa... minha mãe tinha um irmão no estrangeiro e, por infelicidade, morreu ontem de repente e nós ficámos de luto carregado. 

O mestre ainda se zangou mais comigo:
 Não minta! diga a ver­dade!!


E eu tive de dizer: Mestre! quando saí de casa... estava a pensar no irmão de minha mãe que está no estrangeiro há tantos anos, sem escrever. Ora isto ainda é pior do que se ele tivesse morrido de repente porque nós não sabemos se estamos de luto carregado ou não.


Então o mestre perdeu a cabeça comigo:
Não minta, ouviu? diga a verdade, já lho disse!

Fiquei muito tempo calado. De repente, não sei o que me pas­sou pela cabeça que acreditei que o mestre queria efectivamente que lhe dissesse a verdade. E, criança como eu era, pus todo o peso do corpo em cima das pontas dos pés, e com o coração à solta con­fessei a verdade:

 Mestre! antes de chegar à Escola há uma casa que vende bonecas. Na montra estava uma boneca vestida de cor-de­-rosa! Mestre! a boneca estava vestida de cor-de-rosa! A boneca tinha a pele de cera. Como as meninas! A boneca tinha tranças caídas. Como as meninas! A boneca tinha os dedos finos. Como as meninas!
Mestre! A boneca tinha os dedos finos...

(Escrito em 1921.)

José de Almada Negreiros

Etiquetas:

06/04/12

DESASSOSSEGOS - 136

Photobucket
Alguém parte para o exílio
Alguém parte para o exílio.

E não sei se sou eu
o homem que se vai
ou o país que fica.


Federico Gallego Ripoll
versão de Luís Parrado

Etiquetas:

05/04/12

procissão
Quinta-feira santa


Numa Quinta-Feira Santa, com suas puras faces brancas,
Em cores verde, azul e vermelho, andam 
..................................................aos pares crianças
Até a cúpula de Saint Paul, como o Tamisa em procissão.
Grisalhos bedéis seguem à frente, com alvas varas
..................................................de condão.

Ó, essas flores londrinas parecem uma multidão,
Sentadas lado a lado, luz que brilha em irradiação;
Um rebanho de cordeiros murmurando sua canção:
Mil crianças inocentes levantando suas mãos.


Qual o poderoso vento ou celestial trovão,
Em um coro harmonioso, aos céus elevam sua entoação;
Sob eles sentam anciãos, guardiões dos que não têm nada.
Tem piedade e não basta um anjo da tua morada.

William Blake
Tradução: Gilberto Sorbini e Weimar de Carvalho

Etiquetas: ,

04/04/12




Em dias como este,e sempre,esta belíssima cantata de Johann Sebastian Bach

Etiquetas:

03/04/12

THE BRAIN


the brain-do FB

encontrado no facebook

Etiquetas:

INESIANAS- 22

linda in&ecirc;s

Linda Inês

Choram ainda a tua morte escura
Aquelas que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saudosos campos da ternura.

Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram;
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.

O Linda, sonha aí, posta em sossêgo
No teu muymento de alva pedra fina,
Como outrora na Fonte do Mondego 

Dorme, sombra de graça e de saudade,
Colo de Garça, amor, moça menina,
Bem-amada por toda a eternidade !


Afonso Lopes Vieira  -in Cancioneiro de Coimbra

Etiquetas:

02/04/12

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL


para todos os meninos do mundo

O meu cavalo de rodas
não era só para rodar, 
mal a casa adormecia
partíamos a galopar.


Pra sossego da mãezinha,
 abalava sem dar sinal,
 e eu saía como o Quixote
pela porta do quintal.


Mundo fora, à aventura,
fizesse escuro ou luar,
uma vez estive em Elvas
outra além de Gibraltar.


Que proezas não fiz montado
no meu cavalo rodeiro,
montes, vales, serras fora,
não tinha estremas o roteiro!


E não se diga que eu sonhava,
que bem ouvia os relinchos
do cavalinho ligeiro,
ora a galope, ora aos pinchos.


Que sonhos de glória e ilusão
alimentou o meu corcel gris?!
Só o cavalo branco de Napoleão,
Herói eu igual ao Amadis!



Aquilino Ribeiro

Etiquetas: ,

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons