12/05/12

DE,AMICITIA-102

queo ver-te feliz-FB


Amigo é aquele que permanece
que planta oásis no agreste
deserto quente.

tira água da pedra
e a mágoa
do coração da gente.
AMigo é aquele que vai embora
mas volta...dá o ombro ri
e no ombro chora.


É prosa que não tem fim
e luz que se demora.

amigo é pra todo sempre
e pela estrada afora

Marco Araujo

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11/05/12

LER OS CLÁSSICOS - 160

bernardim


Esperança minha, is-vos:
nam sei se vos verei mais,
pois tam triste me leixais.

Noutro tempo ua partida,
qu'eu nam quisera fazer,
me magoou minha vida
quanto eu nela viver.
Desta já quê posso crer:
que, pois qu'assi me leixais,
é pera nam tornar mais.

Após tamanha mudança
ou desaventura minha,
onde vos m'is, esperança,
vá-se todo o mais qu'eu tinha.
Perca-s'assi tam-nasinha
tudo, pois que nam olhais
quam tarde e mal me leixais.


Bernardim Ribeiro In "Cancioneiro de Garcia de Resende"

(Nota - magoou - o termo está aqui próximo do seu sentido originário - MACULARE -, imprimir nódoa, deixar um sinal; já quê - alguma coisa, isto; tam-nasinha - tão depressa. O n resultaria de um desdobramento
da nasal ou de uma assimilação: tan d'asinha, a melhor forma seria talvez tãnasinha).
Notas de Vítor Oliveira Mateus in http://adispersapalavra.blogspot.com/

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10/05/12

O PRAZER DE LER -129

literatura

" A literatura, porque se dirige ao coração, à inteligência, à imaginação e até aos sentidos, toma o homem por todos os lados; toca por isso em todos os interesses, todas as ideias, todos os sentimentos; influi no indivíduo como na sociedade, na família como na praça pública; dispõe os espíritos; determina certas correntes de opinião; combate ou abre caminho a certas tendências; e não é muito dizer que é ela quem prepara o berço aonde se há-de receber esse misterioso filho do tempo- o futuro. "

Antero de Quental, Prosas da Época de Coimbra

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09/05/12

recicle-se

recicle-se-no FB

encontrado no Facebook

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OS MEUS POETAS - 251


LIBERDADE
                (Falta uma citação de Séneca)

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa  

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08/05/12

ARTE -39


ARTE DE MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA
http://www.youtube.com/watch?v=n3gp4Pd1lAE

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07/05/12

OMNIA VINCIT AMOR - 240

 Photobucket

"A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro. A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...TUDO BEM! O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum...é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos..."

Chico Xavier

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06/05/12

mother's day

painel do google de hoje

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Em Dia da Mãe

NO DIA DAS MÃES


carta de amor

mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses 
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz. 
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente. 

pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste 
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te 

desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente. 

às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo, 
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia 
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz. 

lê isto: mãe, amo-te. 

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não 
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que 
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não 
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes. 
 


José Luís Peixoto

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05/05/12

CAMONIANAS -73

 MACAU-CAMÕES

img: em Macau

De camões, em pura verdade, muito pouco sabemos

    De Camões, em pura verdade, muito pouco sabemos. Nasceu pobre, viveu pobre, morreu mais pobre ainda (se não miseravelmente), ele, que acumulou bens que milhares e milhares de homens não têm chegado para delapidar. E será difícil exaurir tão fabulosa fortuna. Porque – quem o duvida? – foi Camões que deu à nossa língua este aprumo de vime branco, este juvenil ressoar de abelhas, esta graça súbita e felina, esta modulação  de vagas sucessivas e altas, este mel corrosivo da melancolia. Daí ser raro o verso português digno de tal nome que as águas camonianas não tenham molhado de luz, desde as mais ásperas das suas consoantes às suas vogais mais brandas.
   Fora do nosso coração, não sabemos onde Camões nasceu; nem o ano ou o dia em que saiu da "materna sepultura" para o primeiro amanhecer. Como não sabemos onde estudou ou quem lhe ensinou o muito que sabia. Nem isso importa. Nalgumas linhas da sua poesia, e sobretudo nas poucas cartas que indubitavelmente são dele, pode ler-se que, como português, encarnou até à medula toda a nossa condição: pobreza, vagabundagem, cadeia, desterro.
"Erros", "má fortuna" e "amor ardente" se conjuraram para fazer daquele alto espírito do  maneirismo europeu uma das figuras mais desgraçadas da via sacra nacional. Por  "erros", talvez se possa entender um cristianíssimo arrependimento daquele marialvismo da sua juventude; a"má fortuna" não pode ter sido senão a de ter vivido num  tempo em que Portugal, além de ser "uma casa sem luz em matéria de ilustração", se preparava fatidicamente  para abandonar todas as suas guitarras nos campos de Alcácer Quibir; quanto ao "amor ardente" - não foi o
próprio Camões que se mostrou dividido entre o límpido apelo dos sentidos e toda uma platonizante teoria de amor bebida em Petrarca e Santo Agostinho?
 Não sabemos também quem o poeta tenha amado, para lá das anónimas "ninfas de água doce" do Mal Cozinhado e outros bordéis de Lisboa. Mas que tais "ninfas" tiveram na sua vida importância, ninguém pode duvidar. As cartas de Camões, e como fonte da sua vida privada nada temos mais seguro, além de nos darem notícia do seu espírito arruaceiro, quase não falam noutra coisa. Que a sua poesia só muito raramente tem a ver com os "pagodes" de Alfama é óbvio, mas dali deve ter partido algumas vezes para, depois de metamorfosesvárias, voar muito alto, como sempre aconteceu, particularmente em herdeiros da cortesia e do "dolce still  nuovo". Porque a verdade é que nenhuma poesia portuguesa partiu tanto dos sentidos para tanto se desprender deles, como a de Camões.

Eugénio de Andrade 

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04/05/12

POETAS MEUS AMIGOS - 164

mulher no colmo
não estranhar
a crença
da existência
(no espaço vazio)
(entre os nós de bambu)

da pura energia
onde se hospedam anjos
Carmen Cinira

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03/05/12

arte -38

Hyeronimus Bosh - de As tentações de Santo Antão

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ENTRA MAIO E SAI ABRIL


papoilas



Entra Maio e sai Abril
tão enfeitado o vi vir.
Entra Maio e suas flores,
sai Abril com seus amores,
e os doces amadores
começam a bem servir.

In Lírica Espanhola de Tipo Tradicional
Tradução de José Bento

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02/05/12

PÉROLAS - 243


Ah kankodori!
Na minha tristeza,
Afundas a minha solidão.
Matsuo Bashô (Japão, 1644 - 1694)
trad. de João Muzi 

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01/05/12

RESISTIR


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No Dia do Trabalhador

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